Mesa & Dignidade

Por Claudio Roldos

1ª Parte

Para este estudo, analisaremos o texto de Lucas 14. O tema central do capítulo é, de quem é a mesa?

Lucas 14:7-8

E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;

” não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu”; Dignidade não tem a ver com justiça própria ou posição social, nem da falsa moral produzida por nossos supostos certos sobre a aparência das pessoas.

Dignidade é sobre quanto absorvemos da obra de Cristo em nossa vida. É Cristo que nos torna dignos, e esta dignidade está escondida na aceitação do convite. Se aceitamos o convite participamos de sua dignidade.

Ao refletirmos sobre o convite, entendemos que ele nos tornou dignos ao pensar em nós, na hora de chamar os convidados. A carta do convite pode ter chegado agora em sua vida, mas foi preparado desde a fundação do mundo (II Timóteo 1:8-11).

Isto é, dignidade no contexto de Lucas não é merecimento. Quem se assenta nas primeiras fileiras achando que a mesa é sobre ele e não sobre quem o convidou, que merece estar ali e receber, que procura saciar uma carência pessoal, e não participar do todo, estes são os moralistas com sua falsa dignidade, quem, porém se achega como quem não merece e sem procurar satisfazer um anseio pessoal, são estes os dignos.

“reparando como escolhiam os primeiros assentos”, não procuravam os primeiros assentos como quem deseja servir aos convidados da mesa, mas buscavam os primeiros lugares na busca pessoal de alcançar benefícios para si. A mesa não é o lugar dos que buscam nutrir carências escondidas, a mesa é o lugar dos que estão prontos para doar-se, que são maduros para partir e repartir, a mesa é o lugar dos que dão o primeiro pedaço.

o versículo 15 começa assim: E, ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.

Este homem não entendeu, não é sobre comer primeiro, como quem busca suprir suas carências, é sobre servir primeiro. Por isso poucos chegam a viver em suas vidas o mistério da mesa do Salmo 23. Muitos achegam-se como quem quer suprir carências pessoas ou ostentar vitorias, quando na verdade somos tratados pelo Senhor para chegar na mesa e servir, trazendo redenção sobre os inimigos.

Os irmãos da Igreja de Corinto não entenderam isto, então Paulo os reprende; Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. 1 Coríntios 11:17

É impressionante pensar no fato que uma Igreja se reúne para o pior e não para o melhor.

Vamos tentar definir o que é melhor ou pior no texto.

Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se. 1 Coríntios 11:18-21

Paulo começa sua exortação dizendo: “antes de tudo ouso que há entre vós”; em resumo: dissensões, heresias, não é para comer a Ceia, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia.

Isto é o pior, no sentido que nada disso é para produzir a revelação do corpo, mas a manifestação da natureza egoísta e avarenta de Adão.

Por outro lado, o melhor, seria, entender que: O PÃO FOI PARTIDO POR NÓS E NÃO POR MIM.

Estavam juntos no mesmo ambiente, mas não eram um no Senhor. Não podiam ser UM porque estavam se reunindo em ansiedade, no sentido do direito de satisfazer primeiro o EU da minha carência, de “salvar minha parte”.

O pecado dos coríntios se repete na história pecamos, quando temos presa “em nossa parte” sem considerar o todo. Tornamos “morreu por nós” em “morreu por mim”. Estavam vendo a Igreja como um lugar de autossatisfação e não de comunhão, aonde vamos para repartir.

Eles precisavam entender que “toda parte” tem responsabilidade em um todo, que a mesa não é de quem tem direito, não é sobre o que está sobre a mesa e sim com quem comemos.

É impossível estabelecer uma relação saudável, a partir de carências. Por este motivo, precisamos nos sujeitar a seu senhorio e pastorado, como ensina o Salmo 23.

Não é fácil para os homens que sofremos com as consequências da independência que a arvoe da ciência do bem e do mal produziu, sujeitar-se a ele, o maior desafio da humanidade é uma questão de obediência e sujeição.

Mas é extremamente primordial entender, no anúncio do convite está a chave: E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. Lucas 14:17.

O convite não é para encher a barriga e sim para estabelecer uma relação, não a partir das nossas carências e sim do que podemos vir a tornar-nos na relação. Na mesa da dignidade, não há lugar para as preocupações da vida natural, tudo está pronto.

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